Pronunciamento do deputado Mauro Moraes na sessão do dia 22 de junho de 2009
Senhor presidente e senhores deputados,
Teria que falar infinitamente para relatar minuciosamente meu desabafo contra a atitude do líder da bancada do PMDB, deputado Waldyr Puglise que, mesmo sem reunir a bancada do partido, tomou uma decisão isolada ao me substituir na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa a pedido do líder do governo na Casa, deputado Luiz Cláudio Romanelli.
Em meu entendimento, senhor Presidente, a minha substituição de uma das mais importantes comissões temáticas desta Casa de Leis é um ato isolado de perseguição, prepotência e intolerância do líder da bancada do PMDB, uma vez que o mesmo já havia me destituído da Comissão de Constituição e Justiça, também a pedido do líder do governo.
Vocês venceram, deputado Waldir e deputado Romanelli. Venceram e sempre vencerão! Mas vencem como os celerados que medem o número de vitórias pelo número de traição que fizeram.
Esta vitória, no entanto, não é a vitória de um ideal, de um causa justa. “É a vitória da mentira”, como diria o grande Rui Barbosa. Mentira dos conchavos, mentira dos acertos, mentira dos pseudo amigos. Mentira nas palavras, no partido. Mentira nos olhos, nos gestos, nos braços. Mentira em tudo!
Uma mentira total. O reino da mentira, onde os mentirosos devem ser perdoados, pois de tanto mentirem, mentem a si próprio, e por fim, acabam acreditando nas mentiras que proferem, achando que são verdadeiras.
Vocês venceram, deputado Romanelli e deputado Waldyr Pugliesi. Venceram e sempre vencerão. Mas não sou eu o derrotado. Vocês derrotaram a independência desta Casa ao subordiná-la à vontade de um outro Poder.
Venceram a batalha que a Comissão de Segurança desta Casa travava contra a escalada desenfreada da violência no Paraná.
É evidente que nos seminários, simpósios, audiências e palestras que a comissão realizou, nunca atribui ao governo do Estado a responsabilidade total pelo caos que vivenciamos na segurança do Paraná, pois sabemos que o governador herdou uma segurança totalmente sucateada da gestão anterior. Mas a realidade é cruel: os problemas na área são muitos e a população está desesperada e amedrontada aguardando por uma solução. E o governo vai ter que encontrá-la.
Minha discordância com o titular da Pasta de Segurança nunca foi no campo pessoal e sim nas questões puramente técnicas. Também há desentendimento na forma como o secretário vem tratando o Poder Legislativo ao se recusar a responder nossas indagações através dos ofícios encaminhados à secretaria de Segurança.
Contudo, senhor Presidente e senhores deputados, saio da comissão, mas o trabalho continua. Tenham certeza de que continuarei minha luta contra a violência através dos movimentos e entidades sociais, percorrendo os bairros da nossa capital e cidades do interior do estado. Sei que esta luta será árdua e pesada, que as dificuldades a vencer serão ponderáveis.
Mas, apesar dos obstáculos, não me furtarei ao compromisso, que livremente assumi com o povo do meu estado. Afianço-lhes que não me curvarei aos poderosos, que não mutilarei a tradição do povo paranaense, não envergonharei aos curitibanos, não aviltarei aos meus ideais. E tanto quanto possível, continuarei lutando para tornar nosso Paraná um estado mais seguro, justo e humano.
Faço questão de ressaltar os motivos que me levaram a criticar as estatísticas relacionadas à violência no Paraná:
-80% das drogas, munições e armas que circulam em outros estados brasileiros entram por nossas fronteiras e são distribuídas para outras regiões.
-Durante as audiências da comissão que presidi, afirmei que o Paraná não poderia se transformar em um estado tão perigoso quanto São Paulo e Rio de Janeiro. Inclusive, esses dois estados reduziram, no ano passado, o índice de criminalidade em 20%, enquanto que no Paraná o mesmo índice subiu assustadoramente.
-Disse que 80% dos crimes praticados no Paraná contra a vida e o patrimônio tem origem nas drogas.
- Cobro o cumprimento dos mais de 50 mil mandados de prisão que temos em nossas delegacias de Vigilância e Captura, assim como os milhares de inquéritos mais recentes que se acumulam em todas as delegacias do Paraná.
-Falei da necessidade de contratação de profissionais para a polícia científica, pois nossos IMLs estão sucateados.
-Tenho dito que nossos policiais militares estão trabalhando no limite e que precisam de aumento salarial significativo.
-Insisti, durante as audiências, que precisamos aumentar imediatamente os efetivos da policia militar e policia civil. Nosso efetivo é o mesmo de trinta anos atrás.
-Cobro constantemente a retomada dos módulos policiais.
-Digo com freqüência que precisamos cobrar mais ação da Secretaria de Segurança e fiscalizar a aplicação de quase R$2 bilhões do nosso orçamento.
-Venho insistindo na necessidade de se fazer no Paraná uma verdadeira cruzada contra os traficantes, pois estamos vivendo uma verdadeira epidemia do crack.
-Afirmo que precisamos colocar policiais militares nas ruas para evitar assaltos no comércio em todo o estado. Muitos comerciantes já foram assaltados mais de três vezes.
-Cobro maior empenho do governo em adquirir mais viaturas para as policias civil e militar.
Sobre a coligação que venho defendendo com o PSDB
Quanto ao fato de eu defender uma coligação com o PSDB, o que me vale tantas criticas por parte de alguns colegas, quero dizer que, enquanto não acontecem as convenções, vou continuar trabalhando por esta composição para evitar que aconteça o mesmo triste episódio das eleições de 2008, quando o PMDB fez uma votação pífia, submetendo o partido a uma situação vexatória.
Devemos ter consciência de que não possuímos em nosso quadro nenhum nome capaz de disputar em condições de igualdade com as candidaturas de Osmar Dias do PDT e Beto Richa do PSDB.
Confesso que se devesse prevalecer os motivos de estima, competência e amizade pessoal, teríamos motivos de sobra para apoiar o prefeito Beto Richa ao governo do estado. No entanto, só aqueles que defendem a candidatura própria devem vencer a convenção do PMDB. É evidente que serei racional e apoiarei o candidato escolhido pelo partido.
No momento, o que acontece é que eu não sou o único a pensar assim dentro da bancada. A diferença é que eu assumo publicamente o que os demais deputados escondem da opinião pública, mas defendem nos bastidores. Sabemos que com candidatura própria não teríamos a menor possibilidade, enquanto que em uma coligação o partido teria a vice-governadoria e elegeria o senador mais votado da história do Paraná.